28/02/2010

Era uma vez um passarinho


Todo dia ele acorda muito cedo. Sem fazer ruído, deixa a árvore nos braços de Morfeu e segue rumo à casa de tijolinhos - a que tem um caminho todo cercado por pinheiros muito altos, uma porteira e uma piscina.

Se aproxima sorrateiro. Não bate o sino da porteira, que é pra não acordar as moradoras. Antes de entrar, olha pra trás, pra ter certeza de que está mesmo só. 

E, finalmente diante do quadrado azul, prepara um rasante na água orvalhada. Cruza a piscina num único deslizar, molhando só o peito miúdo. E de rasante em rasante na água fresca, nem percebe que a manhã lentamente abre as cortinas do dia e os outros passarinhos já estão chegando em bando.

Mas antes mesmo que o bando cruze a porteira, ele se afasta  para a  árvore mais próxima, se sacode rapidamente e vai embora. Deixa-os pra trás na maior farra, espirrando água pra todos os lados e fazendo cantoria para as moradoras, os cachorros e os vizinhos das moradoras.

Ah, esse é o Tião.


(SM)
Tela de Martha Barros - Era uma vez um passarinho

2 comentários:

  1. Soraia
    Que lindo! Senti cada palavra, no meu coração urbano.
    Um beijo
    Denise

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  2. Ééééééé´esse realmente você acertou em cheio.
    Beijocas!!!!!!!!!!!

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